domingo, 29 de abril de 2007
achei isso entre meus escritos absurdos
Um professor meu me disse que eu escrevo muito bem. O texto é muito bonito, mas ... eu não escrevi o que ele pediu, e nem mostrei que aquele texto serviu para alguma coisa pra mim. Fugi totalmente do assunto. Percebi que eu não tinha lido o texto, que não tinha compreendido nada do texto, que não tinha aprendido nada. Tenho passado pelas coisas sem aprender nada delas. Tenho me entregado muito pouco às minhas atividades. Tenho me conhecido muito pouco. Dificilmente ou quase nunca sei ir direto ao ponto, dou voltas, vagueio. Até uma mariposa se dirige à luz por mais instintivo que seja o seu movimento. Eu sou uma mariposa cega que fica perdida entre os prédios da cidade. As mariposas inundam minha casa. Sempre imaginei porquê será? Uma noite dessas levantei de madrugada, e dei várias travesseiradas no ar para expulsá-las. Estavam fazendo zunidos com as asas contra a cortina, e eram tantas que me senti invadida. Expulsei minhas amigas pra fora. Primeiro imobilizei-as com um encardido travesseiro que eu sacodia no ar, e depois de nocauteadas no chão arrastei-as a chineladas até o outro quarto, onde fechei a porta, e deixei-as lá, torcendo para que se recuperassem logo e alçassem vôo pela janela. Um tempo de mariposas no meu quarto é o que de mais belo tenho vivido nesses últimos tempos encasulada nesse quarto azul.
As mariposas fazem elipses até a luz da lâmpada, que é mais forte que a luz da lua. Ou seja, nossas luzes da cidade desviam o caminho natural da mariposa. Acho isso uma perda de poesia tremenda, quando páro para pensar que as mariposas foram feitas para voarem em direção à luz da lua. São todas enganadas. Mas, aí vem a poesia de novo e me diz que quando elas se afastam estão novamente buscando a luz da lua, e isso me dá a sensação de que tudo está voltando ao normal, e elas estão invariavelmente retornando ao seu instinto natural. Então uma das maiores alegrias que sinto no dia-a-dia é ver, de noite, uma mariposa dessas que me visitam em casa aos montes, sair pela janela na direção da lua. Elas me lembram do meu caminho natural que deve estar sabendo se orientar por alguma bússola interna que me leve na direção de uma lua, como a delas.
Luz e lua, duas palavras quase gêmeas e tão lindas!
------------------------------------------------------------------------------------------------
sábado, 28 de abril de 2007
Desenho 24 Horas
para os meus cristais
começei a diluir
aula de açúcar
mais ou menos as coisas podem ser como a gente quer
desde que a gente queira
e tudo passa
e tudo é junto
é impuro e melodioso
por mais que soem desacordes
é um estar livre
é um ser
é um permitir, repente
é um acontecimento
divinação
there is nóthing predictable
(F.)
“Marcel Duchamp deu um xeque-mate na arte há quase cem anos. Desde então ela ficou paralisada, prisioneira, dependente de uma solução que teria que passar pela desconstrução do impasse que criou. Duchamp encurralou o conceito de arte da época ao convencer seu auditório, que tudo era arte, desde que alguém assim o quisesse, desde que o artista apusesse em qualquer objeto, modificado ou não, sua assinatura. No instante em que, atónitos, seus interlocutores e, depois, as gerações vindouras, caíram neste jogo, a arte, como o Rei, ficou imobilizada, pois se tudo é arte, nada é arte”
Affonso Romano de Sant'Anna
Countess de Castiglione andPierre-Louis Pierson. Scherzo di Follia, 1863-66
quadros mecânicos - Nelson Brissac
"O século XIX foi pródigo em artefatos maravilhosos – instalações de cenários, caixas de olhar, autômatos – capazes de reproduzir a abrangência de um olhar panorâmico sobre o mundo. Engenhos óticos e mecânicos – cujos exemplares mais simples eram encontrados nas feiras"
"Embora o objetivo seja a ilusão de profundidade, o dispositivo é superficial. Enquanto a perspectiva implica um espaço homogêneo e potencialmente mensurável, o estereoscópio revela um campo agregado de elementos disjuntos. Os olhos atravessam a imagem, vendo-a na sua tridimensionalidade. Mas apenas apreendem áreas separadas. Uma acumulação de diferenças, uma colagem de diversos relevos. O mesmo mundo não-comunicante que produziu a cenografia barroca ou as vistas urbanas de Canaletto. Uma justaposição de primeiro plano e fundo, perto e longínquo, passado e presente".
sexta-feira, 27 de abril de 2007
sem entrar em porquês da arte eu sempre amei essas imagens de carcaça!
Bacon, Francis (1909-1992), irlandês:
"Ao entrar em um açougue, sempre me surpreendo ao ver que eu não estou lá no lugar do animal."
O VEGETARIANISMO NA ANTIGÜIDADE GRECO-ROMANA me ajuda a pensar na relação da fábula com as lições morais humanas encarnadas alegoricamente nos animais.
http://ubista.ubi.pt/~comum/nogueira-luis-francis-bacon.htm
entrelinhas
Tenho um medo de ficar assim ... se eu tiver que ir pros EUA fazer faxina!
rembrandt dissecação do corpo como alegoria
WHAT'A FUCK DO THESE GUYS WANNA SAY
PETER GREENAWAY
COAL
TOYS
LUPER PHOTOS
LOVE LETTERS
CLOTHES
CLOTHES
VATICAN PORNOGRAPHY
FISH
PENCILS
HOLES
MOAB PHOTOGRAPHS
FROGS
FOOD DROP
DOLLARS
COINS
LUPER'S LOST FILMS
ALCOHOL
PERFUME
PASSPORTS
BLOODIED WALLPAPER
CLEANING FLUIDS
DENTAL TOOLS
CHERRIES
HONEY
NUMBERS & LETTERS
LUPER UNIFORMS
DOG BONES
LOCKS AND KEYS
LIGHT-BULBS
PLACE-NAMES
BOOTS AND SHOES
ZOO ANIMALS ARK
IDEAS OF AMERICA
ANNA KARENINA NOVELS
CANDLES
RADIO EQUIPMENT
CLEAN LINEN
WATER
CODE
A SLEEPER
EROTIC ENGRAVINGS
92 OBJECTS TO REPRESENT THE WORLD
RAINBOWS
PRISON MOVIE FILM-CLIPS
MANUSCRIPTS FOR THE BABY OF STRASBOURG
HOLOCAUST GOLD
CHILDREN
DEAD ROSES
TRAINS
SEWING NEEDLES
SHOWER-HEADS
55 MEN ON HORSEBACK
CHINA DOGS
BRUSHES
DRAWINGS OF LUPER
MUSICAL INSTRUMENTS
SMOKED CIGARS
BODY-PARTS
INGRES PAINTINGS
BROKEN GLASS
MOITESSIER GOWNS
CRABCLAWS
FEATHERS AND EGGS
YELLOW PAINT
TENNIS BALLS
BOTTLE MESSAGES
GREEN APPLES
PIG
SPENT MATCHES
SAUCEPANS
FLOWER BULBS
RESTAURANT MENUS
92 ATOMIC ELEMENTS
VIOLIN SPLINTERS
FIRE
LEAD
OBELISKS
ROMAN POSTCARDS
HOLY EARTH
GREEN FIGS
LIGHT
NOTES ON DROWNED CORPSES
MAPS
BOARD GAMES
INK & BLOOD
LUPER STORY MANUSCRIPTS
ICE
MEASURING TOOLS
TYPEWRITER
DOLLS
THE PHRENOLOGICAL BOOK
LUPER'S LIFE
"Tulse Luper wanted to cut off his deceased wife's vagina so he could look at it whenever he wanted to. He thought it was a terrible waste of the most beautiful vagina he had ever seen. He thought it was bold, big, embracing, and gripped him like an octopus".
===================================================================
A TV Dante: The Inferno Cantos I-VIII (1989)
YOU THAT ENTER HERE ABANDON HOPE
"The eight Cantos of the film are not conventionally dramatised, rather they are illuminated with layered and juxtaposed imagery and a soundtrack which comments, counterpoints and clarifies. There are visual footnotes delivered by relevant expert authorities, and these often perform the function of narration as well as illustration. The result is a dazzling video journey through Dante's underworld". Bem parecido com o que a gente fez no desenho 24 horas!
quinta-feira, 26 de abril de 2007
quarta-feira, 25 de abril de 2007
Billy Strayhorn
Tem porque mesmo Chelsea Bridge ser um 'hit' seu ... é de uma verdade que não é romantismo tolo. É essa essência que ela atinge que eu gosto. É muito verdadeiro o sentimento nela.
Mais impressionante ainda são os tons que Miles Davis consegue e que quase falam no seu trompete em "You're my Everything". Até hoje a música de jazz que eu já escutei que mais me emocionou, e emociona mil vezes que eu coloque pra tocar.
Trilo
Mordente
Grupetto
appoggiatura
Tremolo
Simile
Da capo
Dal segno
Segno
Coda
" ... STACCATO, FERMATA, PIZZICATO, PRESTO, RAGA, TRÍTONO, TABLATURA, TRILO, LARGUETO, LEGATO, MELISSSSSMA ,,,,*@+)9*& ... VIBRATO !(*^&*^&*#@#$&** não fala comigo na Hora H*~*^,.,.,que eu enlouqueço!!!!!
segunda-feira, 23 de abril de 2007
RAZÃO E SENSIBILIDADE ... minhas lições de fotografia ...
a luz ... a sombra ... nas superfícies ... frestas ... cantos da casa ... paredes ... espelhos ... utensílios domésticos, flores, insetos, preciso pôr ordem na casa! Ajeitar, embelezar os objetos, convidar a luz a entrar e fazer seu caminho espelhar assim algum lugar dentro de mim ...
aproveitar as manhãs de domingo ... os finais de tarde ... sair de casa, onde quer que eu vá, observar, observar, observar ...
BLAKE um poeta visionário do Céu e do Inferno
"Sem formação académica, culturalmente autodidacta, o autor d'O Casamento do Céu e do Inferno - que considerava Bacon, Newton e Locke uma falsa trindade do racionalismo inglês -, escrevia e desenhava com a força persuasiva de uma revelação, vendo-se como um descobridor de verdades eternas, colonizador de terras anunciadas pela Bíblia, Shakespeare, Milton, Dante e Miguel Ângelo, pela alquimia, a cabala hebraica e a astrologia. A tudo isto se acrescenta a arquitectura sonora da obra de um criador iconoclasta. Não que esta obedeça a um rigoroso estudo da harmonia ou de outra disciplina mais ou menos estabelecida. Tratava-se, para Blake, de aceder a uma linguagem superior, ao entendimento da "música das esferas"".
domingo, 22 de abril de 2007
swendeborg e sua turma ... Blake, Baudelaire, Borges ...
quando as estrelas juntas cantavam", de William Blake
"O poeta e artista William Blake (1857-1827) afirma no Casamento do Céu e do Inferno que não foi a originalidade das teorias de Swedenborg que se tornou um culto atraente, mas a capacidade de Swedenborg de resumir e popularizar muitas noções místicas paralelas aos cultos cabalísticos herméticos, o que entretanto não nos leva a concluir pela pouca influência de Swedenborg sobre o pensamento de Blake".
Swedenborg
Obra Literária
"O Céu e o Inferno (O Céu, e suas maravilhas, e o Inferno, segundo o que foi ouvido e visto). Traduzido pelo Sr. Levindo Castro de La Fayette. Publicado no Rio em 1920, 2a. edição em 1987 pela Sociedade Religiosa "A Nova Jerusalém", edição esgotada.
Nova edição sairá em breve. Solicite a edição esgotada em formato eletrônico PDF)"
"Arcanos Celestes (Arcanos Celstes que foram revelados na Escritura Santa ou Palavra do Senhor, a saber, que estão no Gênesis e no Êxodo juntamente com as maravilhas que foram vistas no Mundo dos Espíritos e no Céu dos Anjos). O volume I foi traduzido do latim por C. R. Nobre e publicado no Rio, 1999, 256 pág. pela Sociedade Religiosa "A Nova Jerusalém".
sábado, 21 de abril de 2007
arte web brasil
Lorenzo Lotto
Affreschi dell’Oratorio Suardi fica no Balneário de Trescore, em Bergamo (os afrescos de Lotto)
sexta-feira, 20 de abril de 2007
poesia moderna
"Café", in Poesias completas. São Paulo, Martins, 1955, p. 486.
“Noturno”
"Mas eu... Estas minhas grades em girândolas de jasmins,
Enquanto as travessas do Cambuci nos livres
Da liberdade dos lábios entreabertos!...
[...]
"Mas sobre estas minhas grades em girândolas de jasmins,
O estelário delira em carnagens de luz,
E meu céu é todo um rojão de lágrimas!..."
......................................................................................................
O CONVITE À VIAGEM
Minha doce irmã,
Pensa na manhã
Em que iremos, numa viagem,
Amar a valer,
Amar e morrer
No país que é a tua imagem!
Os sóis orvalhados
Desses céus nublados
Para mim guardam o encanto
Misterioso e cruel
Desse olhar infiel
Brilhando através do pranto.
Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.
Os móveis polidos,
Pelos tempos idos,
Decorariam o ambiente;
As mais raras flores
Misturando odores
A um âmbar fluido e envolvente,
Tetos inauditos,
Cristais infinitos,
Toda uma pompa oriental,
Tudo aí à alma
Falaria em calma
Seu doce idioma natal.
Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.
Vê sobre os canais
Dormir junto aos cais
Barcos de humor vagabundo;
É para atender
Teu menor prazer
Que eles vêm do fim do mundo.
— Os sangüíneos poentes
Banham as vertentes,
Os canis, toda a cidade,
E em seu ouro os tece;
O mundo adormece
Na tépida luz que o invade.
Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.
...................................................................
triste amizade
Sabotagem
(F.)
Depois de tanto tempo ...
autor: Mário de Carvalho (literatura portuguesa)
Depois de anos reencontro esse livro! Tinha me esquecido o título dele. Pelejei pra lembrar, e agoro topo com ele de novo num passeio pela web. Fiquei encantada com a escrita poética desse autor quando o descobri entre outros livros de ficção portuguesa na estante da livraria. Quando eu trabalhava lá, o indiquei pra muito cliente. As frases são deliciosamente construídas, palavra por palavra, tanto quanto apreciei ler Lavoura Arcaica com sua narrativa áspera, entrecortada de respiração e pensamentos. Mas, a narrativa poética de Mário nos leva realmente a passear por uma brisa da tarde, não tem a densidade daquele Raduan Nassar.