"Um dos sonhos dos tratadistas da memória dessa época –
representado de modo exemplar pelo teatro da memória de Giullio Camillo – era
justamente conseguir reduzir todo o conhecimento macrocósmico em um
conjunto de imagens (um microcosmo) que poderia ser assimilado por uma só
pessoa, de tal modo que com um simples olhar sobre as imagens organizadas de
um modo panóptico, poderíamos nos apropriar de todo esse saber. A verdade
enquanto a-lethéia (termo grego para verdade que significa literalmente: nãoesquecimento)
tal como ela era pensada na tradição platônica, aliara-se de um
modo anti-clássico à doutrina da arte da memória. Por outro lado, a atração
renascentista pelo hieróglifo somada à releitura dessa tradição neoplatônica
por um filtro cabalista transformaram, finalmente, a arte da memória em uma
espécie de subgênero da escrita de mistérios e de enigmas típica da "era das
semelhanças", para falarmos com Foucault".
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