sábado, 31 de março de 2007

Joanne Harris - minha escritora favorita!


Joanne Harris

comendo chocolate, hein!

De todos os livros dela lançados no Brasil, só não li mesmo um que se passa na ortodoxia cristã da França medieval. Acho que se chama os Saltimbancos. É isso. Quando vi que tinha freira no meio fiquei meio desanimada! Bom, ortodoxia não é muito com a Harris, mas mesmo assim ...
Não sou muito de livro ou filme de 'época' - 'século XVIII', principalmente francês -, a 'atmosfera' pesa, a linguagem é encroada, passa muito pano na minha frente o tempo todo, e a etiqueta é um saco. Me pareceu que esse seria inevitavelmente um livro chato. Muita pesquisa pra pouca emoção. Fiquei receosa de perder o encanto dos outros livros. A magia está sempre rodeando os personagens da Harris. Tem um tom de fábula quando ela escreve, que eu gosto, e fiquei com medo de perder isso. Mas, vou acabar lendo esse tal aí, só pelo estilo dela. E também por querer ler todos os seus livros. Eu jurei que um dia eu ia ler todos os livros de um autor, e ela foi a eleita! Ainda que odeie, um ou outro! Já tentei isso com Machado de Assis (!) mas não deu muito certo!!
O Segredo das Marés (COASTLINERS) e os Cinco Quartos da Laranja: os de que mais gostei. É uma característica dela falar do passado no presente. E acontece também de um personagem sair de uma história e passar pra outra (passa de um livro pro outro numa outra história, entende?). A gente leva um susto! Ou é uma história que não tomou determinado rumo da primeira vez e no livro seguinte ela dá um outro desfecho pra ela. É um barato! O personagem não morre com a história. E a história nunca acaba também! Isso é fantástico. É um dejá vu esquisito! Em Cinco Quartos da Laranja ela vai parar na Segunda Guerra Mundial no meio de um bando de ciganos. Já em Vinho de Amoras correm duas histórias paralelas, sem que uma tenha nada a ver com a outra. Numa um garoto passa a infância, entre umas férias e outras, na convivência de um velho desconhecido, de quem se torna amigo por seu amor às frutas do pomar, com que faz seus licores e vinhos caseiros. O menino fica ali aprendendo. Outra, um jovem homem com uma vida muito previsível resolve dar uma guinada mudando de cidade, largando a namorada, abrindo mão da segurança da família e do emprego pra ir em busca da casa dos seus sonhos, que viu num anúncio. Quando chega lá é uma casa caindo aos pedaços com um vinhedo todo arregaçado, e ainda aparece uma mulher com uma filha pra atazanar a vida dele, dizendo que a casa é dela. Rola um romance, é claro, no meio de muita parreira! Olha só o enredo naive! E eu gosto disso! Literatura nada exigente, mas uma delícia de ler! É que ela toca na minha sinestesia com sua literatura gastronômica e no meu lado pisciano da magia, dos encantamentos, das superstições, das crendices, dos surtos oníricos, dos presságios, e universos fantasiosos.
eu!

Um comentário:

marta, a menina do blog disse...

É freira, mas disfarçada. Na realidade, é uma saltimbanca que dança no trapézio =) Gostei muito deste.