segunda-feira, 25 de junho de 2007

LOTTO

"Na imponente galeria de retratos seguidos, que é como se apresenta essa exposição, há outro expoente da escola veneziana, Lorenzo Lotto (1480-1556). Em suas obras, os retratados são melancólicos, em especial O Humanista, um homem a desenrolar um pergaminho. "Lotto procura pela pessoa, não pela personagem; mostra-nos ânsia e fraqueza, não a satisfação pelo poder alcançado, pelo status", define o curador. "Enquanto o poeta transfigura por meio da linguagem a essência psicológica da realidade, o pintor transfigura a sua essência visual; o sentir para o artista figurativo é o ver, e o seu estilo, isto é, a sua arte, se constrói inteiramente sobre os elementos líricos da sua visão", como já escreveu o grande crítico Roberto Longhi. Personagens míticos ou pessoas comuns, é pelo olho do pintor que eles se fazem a nossos olhos, ganham sentidos e simbolismos. Se no quadro de Lotto há melancolia no homem retratado, a Cleópatra de Guido Reni (1575-1642), um dos nomes da pintura bolonhesa, é uma mulher tão europeizada que em nada nos remete à personagem enraizada em nosso imaginário".

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