quarta-feira, 20 de junho de 2007

As leituras e a recepção do De Re Aedificatoria de Leon Battista Alberti

manuscrito do Re Aedificatoria (Alberti não o ilustrou)

"De acordo com Kanerva (1998) Alberti utiliza exempla, isto é, figuras exemplares para serem imitadas como modelos, na forma da retórica clássica Ciceroníana, para aumentarem o efeito persuasivo dos relatos ou para reforçarem uma convicção sugerida pelo autor. Os relatos de origem Albertianos não são excepção, o exempla é a natureza humana - a diversidade dos edifícios deve-se à diversidade dos humanos".


Sobre o título escolhido por Alberti: "A ideia de que, no quattrocento italiano, ao construir de forma notável, um cidadão não só mostra a sua riqueza como também contribui para a dignificação da sua cidade, não está distante do segundo conceito de edificar, no sentido de induzir à virtude, à dignidade, ao aperfeiçoamento moral". ... "traduzir De Re Aedificatoria por Da Edificação e não por Da Arquitectura".




DELINEAMENTO


"O termo delineamento evoca, assim e apesar da polissemia que apresenta, a representação por meio de linhas ou traços do objecto que se constrói bem como dos mecanismos de concepção que lhes estão associados (parece que está implícito aqui que o esboço é uma etapa concreta de suma importância para o que vai se tornar a obra acabada. É ele que delinea a obra final, que leva até ela. Dái que seguir seus passos é fundamental pra entender como viajou a mente do arquiteto no processo de construção de seu projeto. É como se se dissesse que sem aqueles passos "rascunhos" a obra não se realizaria ao final, tal qual se finalizou). As inter-relações recíprocas entre “o que vejo, o que traço e o que construo” caracterizam o que Schön (1985) entende por “reflexão em acção” para designar, em oposição a um corpo estático de conhecimento, o processo contínuo e dinâmico de aquisição de saberes pela prática de projecto em arquitectura, que se assume como auto-correctiva e em sintonia com um quadro de referência disciplinar relativamente estável. Este entendimento já está presente em Alberti, principalmente pela maneira como coloca o processamento da dimensão temporal na elaboração do projecto e a que Choay (op. cit., Cap. 2) designou, apropriadamente, “le désir et le temps”.




ARTES LIBERAIS X ARTES MECÂNICAS


"A demarche Albertiana é de promover o arquitecto como um praticante das artes liberais - que praticam uma coisa mental - e não das mecânicas - que elaboram uma coisa material - que tinham, na idade média, um lugar subalterno". Pelo que entendi Alberti recusa essa separação.




(?) Primeiro entendi que Alberti põe a arquitetura como pertencente às artes liberais, a cujo âmbito corresponderiam as Artes do Desenho, que estariam, por sua vez, na base das Belas Artes. Mas, depois tem explícito no texto que " demarche Albertiana é de promover o arquitecto como um praticante das artes liberais - que praticam uma coisa mental - e não das mecânicas - que elaboram uma coisa material" e que "No entanto (a arquitetura), ao deixar de ser uma das artes mechanica para passar a ser, não uma arte liberal, mas uma das arti del disegno ..."[5] ... Aí fiquei confusa!




"“Quanto a mim, proclamarei que é arquitecto aquele que, com um método seguro e perfeito, saiba não apenas projectar em teoria, mas também realizar na prática todas as obras que, mediante a deslocação dos pesos e a reunião e conjunção dos corpos, se adaptam da forma mais bela às mais importantes necessidades do homem”" (Alberti)




"A ausência de imagens no texto de Alberti não possibilitou a reprodução generalizada das obras da antiguidade clássica como ocorreu, posteriormente, com os Quatro Libri di Architettura de Andrea Palladio e permitiu, de algum modo, a padronização das ordens arquitectónicas na medida em que dissociou, ao contrário do que ocorreu com o texto de Vitrúvio, a utilização destes sistemas de ordenamento face a tipologias arquitectónicas específicas".


Para o perfis das molduras: C L S - sugere combinar essas letras de diferentes maneiras (como uma representação simplificada de formas desenhadas): platibanda, óvalos, coroamentos, etc.(mas essa sugestão de Alberti não é a regra)


L’architettura (De Re Aedificatoria) di Leon Battista Alberti tradotta in lingua fiorentina da Cosimo Bartoli. Tradução com ilustração em 1550, em Florença.

Em 1486, a publicação anterior sem desenho com o advento da imprensa.
edição ilustrada da Re Aedificatoria de Alberti - cosimo bartoli, 1550.
Olha só a versatilidade do rapaz! Era músico auto-didata, e fazia composições que agradavam. Por um probleminha de memória com as palavras aos 24 anos resolveu se voltar pra matemática e pra física. Pintava e modelava, bem. E ainda era escritor, com destaque nessa habilidade ao falar da sua obra em arquitetura. Escrevia de tudo: prosa latina, novelas, literatura de gênero, elegias, éclogas, discursos jocosos. Foi considerado um profundo conhecedor da fisionomia humana capaz de profetizar o destino das famílias nobres de Florença e dos papas. É comparável a Leonardo da Vinci, como tendo sido um aprendiz daquele mestre.

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