quarta-feira, 20 de junho de 2007

EGIPTOLOGIAS E ELEFANTES: capítulo do blog COCANHA que nos conta o romance de Polifilio

uma gravura que está no romance





gravuras com mistérios e escrita hieroglífica + rebus comuns nas cortes renascentistas viraram charadas populares publicadas antigamente em jornais ao lado de palavras cruzadas.





a decifração dessas gravuras fica uma coisa erudita. Acessível apenas aos intelectuais e príncipes (usadas em suas empresas), assim como ilustram emblemas e incorporam a tradição hermética alquímica.





O que eu vejo aqui é uma interpretação laica e não religiosa do neoplatonismo de que faz parte Marcilio Ficino. Atenção para a forma. São poucos que conhecem seu significado. São poucos os iniciados.
(Curiosidade: "Na época do Renascimento, muitos pensadores e filósofos, como Marcílio Ficino e Giordano Bruno, sentiam-se atraídos pelo seu mistério, pela escrita hermética que se acreditava provir de lá e pelos seus indecifráveis hieróglifos (tidos por muito como alfabeto de Deus). Nada disso desejava Napoleão. Nem mistérios, nem catar almas danadas vagando pelas tumbas ilustres, nem tentar desvendar segredos insolúveis. Isso era coisa para hierofantes e para místicos. Orientou seus sábios para que tudo o que fosse encontrado nas areias e nas tumbas do Egito fosse arrolado, estudado e classificado segundo os últimos recursos da ciência. Fugia-se da superstição e do ocultismo. Acreditavam os cientistas que aquilo que não se sabia no momento seguramente seria revelado no futuro. A Razão é paciente e perseverante").

Escrita simbólica de Mantegna a Durher. Esforço de artistas e intelectuais para decifrar essa genealogia de hieróglifos. Criaram também suas própria composições em forma de enigmas.


ápice desse gosto pela escrita de enigmas: a novela de Polifilio. Novela de amor e arquitetura, de Francisco de Colonna.


"todo o humano é apenas sonho" e "recorda coisas digníssimas". Cada capítulo inicia com uma letra capital, a soma de cada uma no início de cada capítulo dá uma FRASE EM LATIM.


Polifilio é o herói do romance e é amante da beleza, representando-a como uma virtude e uma forma de conhecimento.





A BELEZA (AMOR)


Nossa! Que trágico tem essa história: o garoto Políbio conquista a amada Polia nos prazeres carnais, mas descobre que no final das contas foi tudo um sonho. Ela já tinha morrido, ele descobre! Que tétrico! Banho de água fria!
Isso é bem um pesadelo mesmo delirante!

No sonho passam arquiteturas fabulosas (jardins, ruínas com estátuas cheios de hieróglifos que vão dando pistas para matar a charada do "sentido metafórico daquele corpo arquitetônico e erótico-amoroso"). Ou seja todas aquelas imagens oníricas são metáforas pra uma verdade mais profunda que se deve desvendar pelos hieróglifos.


AMOR MUNDI




LIBIDO AEDIFICANDI




encaminham para um "corpo humanista" de realização e não contemplação (como os medievos).




As gravuras desse romance foram parar na decoração de arquiteturas e textos




SALA CAPITULAR DO CONVENTO DE SÃO PAULO DE PARMA




CLAUSTRO DE SANTA JUSTINA EM PÁDUA




CLAUSTRO DA UNIVERSIDADE DE SALAMANCA




OS ELEFANTES

gravura do romance é uma charada alegórica de caráter político (efeitos da concórdia x discórdia)
Para dar forma a uma máxima (texto clássico) que fala dessa relação entre discórdia e concórdia, Colonna recorreu a uma fábula de Mercúrio, tomando assim o caduceu como símbolo pacificador da contenda entre duas serpentes.
Comparadas a gravura de Colonna (um rebus) com o medalhão de Salamanca vê-se que os lados do caduceu são antagonizados pelos elementos água e fogo.
parte inferior: gigantes elefantes de costas (razão x poder - discórdia) se transformam em formigas
parte superior: elefantes de frente (concórdia) se transformam de formigas em elefantes gigantes

ver no blog o outro exemplo do elefante.

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