gravuras com mistérios e escrita hieroglífica + rebus comuns nas cortes renascentistas viraram charadas populares publicadas antigamente em jornais ao lado de palavras cruzadas.
a decifração dessas gravuras fica uma coisa erudita. Acessível apenas aos intelectuais e príncipes (usadas em suas empresas), assim como ilustram emblemas e incorporam a tradição hermética alquímica.
O que eu vejo aqui é uma interpretação laica e não religiosa do neoplatonismo de que faz parte Marcilio Ficino. Atenção para a forma. São poucos que conhecem seu significado. São poucos os iniciados.
Escrita simbólica de Mantegna a Durher. Esforço de artistas e intelectuais para decifrar essa genealogia de hieróglifos. Criaram também suas própria composições em forma de enigmas.
ápice desse gosto pela escrita de enigmas: a novela de Polifilio. Novela de amor e arquitetura, de Francisco de Colonna.
"todo o humano é apenas sonho" e "recorda coisas digníssimas". Cada capítulo inicia com uma letra capital, a soma de cada uma no início de cada capítulo dá uma FRASE EM LATIM.
Polifilio é o herói do romance e é amante da beleza, representando-a como uma virtude e uma forma de conhecimento.
A BELEZA (AMOR)
Nossa! Que trágico tem essa história: o garoto Políbio conquista a amada Polia nos prazeres carnais, mas descobre que no final das contas foi tudo um sonho. Ela já tinha morrido, ele descobre! Que tétrico! Banho de água fria!
Isso é bem um pesadelo mesmo delirante!
No sonho passam arquiteturas fabulosas (jardins, ruínas com estátuas cheios de hieróglifos que vão dando pistas para matar a charada do "sentido metafórico daquele corpo arquitetônico e erótico-amoroso"). Ou seja todas aquelas imagens oníricas são metáforas pra uma verdade mais profunda que se deve desvendar pelos hieróglifos.
AMOR MUNDI
LIBIDO AEDIFICANDI
encaminham para um "corpo humanista" de realização e não contemplação (como os medievos).
As gravuras desse romance foram parar na decoração de arquiteturas e textos
SALA CAPITULAR DO CONVENTO DE SÃO PAULO DE PARMA
CLAUSTRO DE SANTA JUSTINA EM PÁDUA
CLAUSTRO DA UNIVERSIDADE DE SALAMANCA
OS ELEFANTES
gravura do romance é uma charada alegórica de caráter político (efeitos da concórdia x discórdia)Para dar forma a uma máxima (texto clássico) que fala dessa relação entre discórdia e concórdia, Colonna recorreu a uma fábula de Mercúrio, tomando assim o caduceu como símbolo pacificador da contenda entre duas serpentes.
Comparadas a gravura de Colonna (um rebus) com o medalhão de Salamanca vê-se que os lados do caduceu são antagonizados pelos elementos água e fogo.
parte inferior: gigantes elefantes de costas (razão x poder - discórdia) se transformam em formigas
parte superior: elefantes de frente (concórdia) se transformam de formigas em elefantes gigantes
ver no blog o outro exemplo do elefante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário