terça-feira, 19 de junho de 2007

auto-retrato de Masaccio
auto-retrato de filippino Lippi

"GESTOS, NARRATIVAS E RETRATOS

"A História da Arte do século XX pode ser entendida, de forma sintetizada, como uma sucessão de inovações e rupturas que puseram em causa os processos criativos e a definição da obra de arte. Assiste-se então, a par da consagração da Abstracção à redefinição da Figuração. Esta tende por vezes a dissociar-se da realidade, constituindo assim um questionamento das premissas tradicionais da representação, permitindo revisitar e alargar o conceito de retrato, cruzando-o com novos horizontes de percepção e representação do corpo, como se poderá constatar neste inventário de gestos, narrativas e retratos, de artistas portugueses e estrangeiros, provenientes da Colecção da Fundação de Serralves, assim como de outras colecções institucionais e privadas que aqui se encontram em depósito".
O percurso pela exposição permite confrontar diferentes propostas artísticas, as quais, apesar de uma diversidade estética, traduzem uma modificação da relação da Arte com a figuração do corpo. Assim sobressai um particular modo de representar a figura onde o aspecto físico assume um significado icónico ou não icónico, despertando por vezes associações que possibilitam um número inesgotável de possíveis narrações. A figura fragmentada e os gestos solicitam a participação do observador passando por um jogo que alterna a dissimulação e a revelação conduzindo-nos até à ausência da presença do ser humano, que deixa de estar presente na sua realidade figurativa permanecendo no entanto a memória ou vestígio dessa presença pela sua ausência".
http://www.serralves.pt/gca/?id=1742
"Há pouco tempo, nas livrarias de Portugal e nas Fenac’s, através das Edições Quasi, chegou ao conhecimento do público português a obra A alegria do mal: obra poética I (1979-2004), com uma introdução bastante trabalhada de Luís Adriano Carlos e a capa belamente composta de António Quadros Ferreira, a partir de gravuras de Mantegna. Estes dados devem ser observados. Através de uma introdução, que quase se constitui à parte da obra, e de uma montagem, a partir do pintor renascentista, os poemas apresentam-se como que recobertos por uma proteção e apontando numa direção, entretanto, que não se pode considerar única.De gesta expressionista, os versos de Vida quotidiana e arte menor reúnem-se para dar conta de um cotidiano que, à maioria das pessoas, é indiferente. No entanto, perfeitamente reconhecível quando os lemos. Mas esta é apenas uma das perspectivas pela qual o poeta projeta, filtra e lapida o seu objeto, pois, como registra Mexia , a sua poesia revisita um cânone extremo, mas também elabora um mundo pessoal, presente, reconhecível, demoníaco, sacro, mitológico. Por seu lado, Adriano Carlos afirma que, com Emílio-Nelson, nasce uma das poéticas mais originais da poesia portuguesa . De fato, é reconhecível que se trata de um poeta muito culto e que é necessário um instrumental teórico bastante consistente para compreendê-lo; é verdadeiro que a sua poesia, de si hermética (muitas vezes profética), exige sensibilidade, entrega e quase devoção (talvez na mesma intensidade da do seu criador); também é verdadeiro a novidade da sua abordagem, como também é original a sua insaciabilidade em arrecadar todos os oferecimentos possíveis, o que faz com que um mundo circular se nos ofereça as suas inúmeras entradas, mas que nos conduzem sempre ao mesmo ponto (não é apenas a palavra que requer a atenção do poeta, pois um mundo visual-plástico e sonoro abre-se diante dos nossos olhos), com o intuito de tudo capturar e identificar, de tal forma que a sentimos exaurir-se diante dos nossos olhos e do nosso pensamento, entregando-nos o objeto sem mediação, e tudo isso com um único fim: descarnar seu objeto sem, no entanto, desprezar que este somente se reconhece como ser-no-mundo".
"El estilo de Masaccio se caracteriza principalmente por un realismo extraordinario, que proviene del profundo análisis de la naturaleza. De esta toma lo esencial, evitando captar elementos que le condujeran a la diversificación. Aunque a partir de 1425 Masaccio adoptó la perspectiva construida científicamente por la aplicación las matemáticas, su obra no pierde por ello agilidad y dinamismo. A ello contribuye el hecho de que sus ambientaciones no transcurren en rígidos sistemas compositivos sino que las figuras se distribuyen sobre la superficie pictórica un tanto casualmente. Sus escenas poseen el carácter de lo cotidiano y carecen de aspectos de grandilocuencia. Un factor importante para la consecución de sus atmósferas es el lumínico. Se trata siempre de una luz natural que modela de manera delicada las formas y los colores. En Masaccio nunca prevalece el dibujo o el linealismo sobre la forma coloreada. Es un pintor en el más puro sentido de la palabra. Al igual que Monet o Cézanne construye las formas mediante el color y, sabiamente lo distribuye sobre el soporte pictórico, creando configuraciones que si bien ostentan una corporeidad visible nunca llegan a tener la pensatez y el volumen propio de las figuras de Giotto. En este sentido hay que subrayar la importancia de Masaccio, ya que puede considerarse como el predecesor más antiguo de la figuración moderna".
... "En cambio, la historia más famosa del mismo es la que se narra en El Tributo. Se desarrolla en tres secuencias espacial y temporalmente diferenciadas. La escena principal es la que ocupa el centro de la composición. En ella se encuentra Cristo, rodeado por sus apóstoles en el momento en que el recaudador de impuestos va a cobrar su tributo. Cristo extiende su mano y San Pedro ratifica ese gesto con su propio brazo, que señala el río que pasa por la zona de la izquierda. Todo da la impresión de que el grupo ha sido sorprendido en el camino y se detiene, mientras el recaudador también ha extendido su brazo señalando la cuidad; esta circunstancia permite apreciar la contraposición entre ambos gestos y observar que los verdaderos protagonistas de la acción son tres, ya que los movimientos de todos los demás han quedado petrificados. Entonces también el observador se da cuenta de que figura de Cristo tiene una majestuosa presencia y que su rostro expresa bondad; los apóstoles son hombres individualizados cuyos caracteres personales quedan reflejados por el resplandor de sus miradas: desconfiada la del uno, acechante la del otro, voluntariosa la de un tercero, etc.; además se aprecia que el porte de los apóstoles oscila entre el de un hombre distinguido y el de un tosco campesino".

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