sexta-feira, 22 de junho de 2007

"Desde o princípio do século V, ao apresentar os ensinamentos fundamentais para a
formação do bom cristão, Santo Agostinho percebeu a eficácia da linguagem e dos signos
não verbais no processo de transmissão da mensagem cristã. Em seu tratado De doctrina
christiana ele formulou as noções preliminares a respeito do símbolo e da interpretação
simbólica que viriam a ser aceitas no medievo. Estabeleceu a distinção fundamental entre
os signos (signa) e as coisas (res), os primeiros vindo a ser a referenciação da “coisa”,
mas, conferindo a esta “coisa” um certo sentido". Os primórdios da kinésia moderna.
(...)
"Entretanto, para melhor esclarecer a referida função simbólica convém destacar
algumas particularidades da comunicação não verbal. Os princípios metodológicos
aplicados por François Garnier ao estudo das imagens medievais revestem-se de particular
importância para o que pretendemos, uma vez que aquelas representações também
diziam respeito a gestos49. Porém, cumpre lembrar que, em nosso caso, não nos
deparamos nem com uma representação iconográfica do gesto, nem com o gesto em si,
mas apenas com o registro escrito de sinais gestuais. Portanto, para se aproximar do
movimento convencional do corpo, e de seu possível significado, deveremos realizar
operação inversa daquela efetuada pelos monges, quer dizer, deveremos decodificar o
escrito e reconstituir a imagem daquilo que, outrora, constituía um gesto, um sinal".

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