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Por sua vez Diogo Ramada Curto observa que, entre os cinco sentidos, a vista
ocupava lugar de destaque. Os olhos eram considerados superiores às outras partes do
corpo, e as imagens visuais investiam o vocabulário político. A presença visual do rei não
era dissociada das práticas rituais em que o poder se formava pelo gesto e pela imagem,
nem das ações de divulgação da figura real inscritas nas gravuras. Essa percepção visual do
corpo do rei configurava hábitos mentais, o recurso à imagem impregnando o cotidiano. Os
retratos revelavam assim outra forma de utilização da imagem, com sua difusão promovida
pelas elites, através da gravura ou da pintura, em variados formatos. Com imagens dos reis,
dos santos ou das elites, o corpo estava no centro da representação, o que facilitava a
utilização de metáforas corporais para as relações entre poder e sociedade. Desse modo, os
livros de emblemas e os hábitos visuais sistematizados pela memória seriam chaves para
compreender os usos analógicos das imagens. Na coleção Barbosa Machado, as estampas
provêm em maioria dos séculos XVII e XVIII, no entanto muitas delas referem-se a
personagens bastante anteriores, idealizando figuras e revitalizando memórias14.
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