“Atópico” vem do grego “atopos”, que significa - numa primeira instância - aquilo ou aquele que não tem um lugar fixo, o que resiste à classificação. E se digo “em primeira instância”, é porque o vocábulo desdobra-se em outros sentidos, conforme o contexto em que se insere. Essa variação advém não apenas da carga semântica que sua base topos contém (topos significa tanto lugar quanto discurso), mas também e sobretudo dos usos culturais que se fizeram do termo.
Nos dicionários de grego, a palavra atopia articula-se semanticamente a “coisa extraordinária”, “raridade”, “novidade”, “estranheza”, “combinação inusual de sons e palavras” (na retórica), ou seja, termos que apontam para um desvio e uma diferença em relação ao mesmo, uma singularidade que se furta à classificação ou à categorização. Já Roland Barthes, um dos poucos filósofos/escritores a usar a palavra atopos em seus escritos, o fez para qualificar não apenas o que escapa à descrição e à definição, mas aquilo ou aquele que tem uma “originalidade sempre imprevista”. Um de seus propósitos ao se valer do termo foi caracterizar um tipo de texto que estaria “fora de qualquer finalidade imaginável”, desviando-se dos paradigmas discursivos e afirmando-se como exceção.
Pode-se dizer que na poética altiniana a atopia se dá a ver em todas as possibilidades de sentido que esta deflagra enquanto palavra. E a mais óbvia manifestação disso pode ser verificada na dificuldade que qualquer crítico literário tem em definir um lugar para o conjunto da obra do poeta, seja em um movimento poético específico, seja na própria historiografia literária brasileira.
A já reconhecida versatilidade de Altino em dialogar com várias tradições e percorrer várias correntes é, sem dúvida, um dos índices mais explícitos de seu caráter atópico (ele está em todos os tempos/lugares e em nenhum simultaneamente), embora não o principal, como veremos mais adiante. E tal versatilidade poderia facilmente ser tomada como um índice também das afinidades do poeta com nomes medulares da poesia moderna brasileira, como Bandeira, Drummond e Murilo Mendes, por exemplo, que igualmente aproveitaram em suas obras formas e tendências literárias diversas para construir uma modernidade, eu diria, mais matizada e pluralizada".
Nos dicionários de grego, a palavra atopia articula-se semanticamente a “coisa extraordinária”, “raridade”, “novidade”, “estranheza”, “combinação inusual de sons e palavras” (na retórica), ou seja, termos que apontam para um desvio e uma diferença em relação ao mesmo, uma singularidade que se furta à classificação ou à categorização. Já Roland Barthes, um dos poucos filósofos/escritores a usar a palavra atopos em seus escritos, o fez para qualificar não apenas o que escapa à descrição e à definição, mas aquilo ou aquele que tem uma “originalidade sempre imprevista”. Um de seus propósitos ao se valer do termo foi caracterizar um tipo de texto que estaria “fora de qualquer finalidade imaginável”, desviando-se dos paradigmas discursivos e afirmando-se como exceção.
Pode-se dizer que na poética altiniana a atopia se dá a ver em todas as possibilidades de sentido que esta deflagra enquanto palavra. E a mais óbvia manifestação disso pode ser verificada na dificuldade que qualquer crítico literário tem em definir um lugar para o conjunto da obra do poeta, seja em um movimento poético específico, seja na própria historiografia literária brasileira.
A já reconhecida versatilidade de Altino em dialogar com várias tradições e percorrer várias correntes é, sem dúvida, um dos índices mais explícitos de seu caráter atópico (ele está em todos os tempos/lugares e em nenhum simultaneamente), embora não o principal, como veremos mais adiante. E tal versatilidade poderia facilmente ser tomada como um índice também das afinidades do poeta com nomes medulares da poesia moderna brasileira, como Bandeira, Drummond e Murilo Mendes, por exemplo, que igualmente aproveitaram em suas obras formas e tendências literárias diversas para construir uma modernidade, eu diria, mais matizada e pluralizada".
Maria Esther Maciel
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