RELATOS DE VIAGEM E CONSTRUÇÃO
DA PESSOA EM GUIMARÃES ROSA:
O DESLOCAMENTO COMO VALOR
Paulo Roberto Albieri Nery
DA PESSOA EM GUIMARÃES ROSA:
O DESLOCAMENTO COMO VALOR
Paulo Roberto Albieri Nery
"Ao passar por Vicenza, cidade onde Palladio residiu, Goethe é invadido por
sensações inspiradas em antevisões cultivadas há muito tempo. Assim Goethe descreve
a impressão de ver de perto a casa onde morou de fato Palladio:
"A construção de Palladio pela qual eu tenho uma predileção
especial foi a casa na qual ele morou. Vista de perto, existe
muito mais do que se imaginaria vista em desenho. Queria ver
um desenho dela que reproduzisse as tintas que a pedra e
passagem do tempo lhe deram! Mas não se deve pensar que o
arquiteto construiu um palácio. É a casa mais despretenciosa
no mundo e só tem duas janelas, separadas por um muro de
ampla extensão que facilmente admitiria uma terceira" (op.cit.,
p.66).
Ou ainda em relação à visita à Vila Rotonda:
"Hoje eu fui ver uma casa magnífica chamada Rotonda. Fica
numa suave elevação à meia hora da cidade... Em cada um dos
quatro lados, amplos degraus conduzem a pórticos de seis
colunas coríntias. A arquitetura talvez nunca tenha alcançado
um grau mais elevado de conforto e luxo. Mais espaço foi
deixado para as escadas e pórticos do que para a própria casa,
de modo a dar a cada lado a aparência imponente de um
templo" (op.cit., p.66).
Na Igreja de Eremitani, em Padua, "eu vi algumas pinturas magníficas de
Mantegna, um dos mestres mais antigos40. Que realidade nítida e segura elas têm! Foi
dessa realidade, a qual não faz somente um apêlo à imaginação, mas que é sólida,
lúcida, escrupulosamente exata e que tem algo de austero, até mesmo de laborioso, que
os pintores posteriores tiraram sua força" (op.cit., p.72). Ainda em Padua, chama a
atenção de Goethe a câmara de audiência no Palazzo Comunale, em seu formato de uma
vasta abóbada fechada, e que lhe dá a sensação "estranha...[de] um infinito mais
semelhante à natureza humana do que é o próprio céu estrelado. Enquanto o céu nos
atira para fora de nós, [a abóbada do Palácio] restitui-nos a nós mesmos" (op.cit., p.73).
O sentimento dessa experiência proporciona a Goethe a sensação de sentir-se "muito
sozinho, uma vez que ninguém no mundo, mesmo que viesse a pensar em mim naquele
momento, teria me procurado naquele lugar" (ibid.).
sensações inspiradas em antevisões cultivadas há muito tempo. Assim Goethe descreve
a impressão de ver de perto a casa onde morou de fato Palladio:
"A construção de Palladio pela qual eu tenho uma predileção
especial foi a casa na qual ele morou. Vista de perto, existe
muito mais do que se imaginaria vista em desenho. Queria ver
um desenho dela que reproduzisse as tintas que a pedra e
passagem do tempo lhe deram! Mas não se deve pensar que o
arquiteto construiu um palácio. É a casa mais despretenciosa
no mundo e só tem duas janelas, separadas por um muro de
ampla extensão que facilmente admitiria uma terceira" (op.cit.,
p.66).
Ou ainda em relação à visita à Vila Rotonda:
"Hoje eu fui ver uma casa magnífica chamada Rotonda. Fica
numa suave elevação à meia hora da cidade... Em cada um dos
quatro lados, amplos degraus conduzem a pórticos de seis
colunas coríntias. A arquitetura talvez nunca tenha alcançado
um grau mais elevado de conforto e luxo. Mais espaço foi
deixado para as escadas e pórticos do que para a própria casa,
de modo a dar a cada lado a aparência imponente de um
templo" (op.cit., p.66).
Na Igreja de Eremitani, em Padua, "eu vi algumas pinturas magníficas de
Mantegna, um dos mestres mais antigos40. Que realidade nítida e segura elas têm! Foi
dessa realidade, a qual não faz somente um apêlo à imaginação, mas que é sólida,
lúcida, escrupulosamente exata e que tem algo de austero, até mesmo de laborioso, que
os pintores posteriores tiraram sua força" (op.cit., p.72). Ainda em Padua, chama a
atenção de Goethe a câmara de audiência no Palazzo Comunale, em seu formato de uma
vasta abóbada fechada, e que lhe dá a sensação "estranha...[de] um infinito mais
semelhante à natureza humana do que é o próprio céu estrelado. Enquanto o céu nos
atira para fora de nós, [a abóbada do Palácio] restitui-nos a nós mesmos" (op.cit., p.73).
O sentimento dessa experiência proporciona a Goethe a sensação de sentir-se "muito
sozinho, uma vez que ninguém no mundo, mesmo que viesse a pensar em mim naquele
momento, teria me procurado naquele lugar" (ibid.).
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