sábado, 19 de maio de 2007

algumas UTOPIAS URBANAS (clique)


"A Cidade do Sol, de Campanella, segue o padrão de cidade radial,
em progressivas muralhas, nas quais, nos moldes enciclopédicos, repousa
todo o conhecimento da comunidade na forma de desenhos usados para a
instrução das crianças. A narrativa serviu de inspiração imediata para a
criação de Palmanova, na Itália, próxima a Veneza, e para a Cosmópolis, de
Medici.4
(...) Já Bacon, ao imaginar sua ilha ideal de Bensalem em Nova
Atlântida, recorre ao uso da ciência e da idéia da perfectibilidade humana e
da sociedade de modo geral. A Casa da Ciência e a Casa de Salomão são os
locais mais importantes da ilha, nos quais se desenvolve o conhecimento. A
utopia inacabada de Bacon prevê, diferentemente das anteriores, a propriedade
privada, o casamento e a família como bases da sociedade. Notavelmente,
os sábios são o coração da sociedade e suas descobertas científicas
alimentam a comunidade: navegação, cirurgia, máquinas voadoras, uso da
energia hidráulica etc., na busca de ampliar o domínio do homem sobre a
natureza. Buscam prolongar a vida, curar doenças, alterar os frutos e as
flores, realçando sua cor e seu sabor, cruzam espécies diversas para criar
híbridos, obtêm luz de diversos corpos, gravam sons, criam autômatos, navegam
por debaixo d’água e voam pelos céus.5 Certos comentaristas argumentam
que Bacon, de certo modo, inaugurou a utopia da ficção científica
ao dar poderes máximos à ciência perante a realidade.6 De todo modo, os
experimentos por ele cuidadosamente descritos foram ridicularizados por
Swift em Viagens de Gulliver, numa reação à ciência como a base de toda a
harmonia possível".7

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"Desde que a Roma pagã ruíra nas mãos dos bárbaros, a idéia de erguer-se uma Nova Jerusalém, uma cidade da igualdade e da justiça, fascinou não só os utopistas medievais como os filósofos e planejadores sociais contemporâneos. Atendendo aos mais variados pretextos, ao sabor das mais diversas ideologias, eles se dedicaram a erigir a tão sonhada urbe "onde o leão deitaria ao lado do cordeiro" : a cidade universal de Deus na terra".
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Sandra Jatahy Pesavento, « História, memória e centralidade urbana », Número 7 - 2007, Nuevo Mundo Mundos Nuevos, mis en ligne le 5 janvier 2007, référence du 20 mai 2007, disponible sur : http://nuevomundo.revues.org/document3212.html.
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DESAFIO AO CARTÃO-POSTAL
Em “L’Anglaise et le Duc” (A Inglesa e o Duque), Rohmer também utiliza os recursos digitais para refazer Paris, como fizeram em “Vidocq” e “Amélie Poulain”. A virtualidade para ele, no entanto, serve não para aumentar o ilusionismo, mas para deixá-lo a descoberto. Serve não para ampliar os jogos fantasiosos, mas para dar mais concretude aos personagens e ao filme. Rohmer reproduz como quadros os ambientes da Paris do século 18, em pleno recrudescimento do Terror. Mas não os dispõe como no teatro, ao fundo. Lançando mão do computador, consegue que os cenários pintados envolvam os personagens realisticamente. O resultado é estranhíssimo e exuberante.
O filme foi construído a partir do diário de uma aristocrata inglesa, Grace Elliott, que testemunhou os momentos mais duros da Revolução Francesa e era amiga íntima do duque de Orléans _ele próprio um revolucionário, que votou inclusive pela decapitação de seu primo, Luís 16. O olhar distante e contra-revolucionário da inglesa domina o filme e levou os “Cahiers du Cinéma” a interpelar Rohmer sobre sua fé revolucionária. De formação católica e tradicionalista, o diretor retrucou, dizendo que o filme não era sobre a Revolução, mas sobre o Terror. “Digamos que, hoje, as pessoas têm mais medo do terror do que esperança na revolução”, afirmou ele à revista, muito antes dos atentados aos EUA.
A Paris de Rohmer, em “A Inglesa e o Duque”, é pontuada de lugares perigosos e arriscados, como uma verdadeira armadilha urbana. Dessa estratégia, em boa parte, o diretor tira o suspense maravilhoso do filme e também reanima para o público o interesse de velhíssimos espaços de Paris, em torno do Palais Royal e a Concórdia. Tudo, a fim de provar que é a história, e não a técnica, a melhor amiga das cidades e, portanto, do cinema.

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