sexta-feira, 25 de maio de 2007

linguagem adâmica

-----------------------------------------------------------------
"Por mais que o texto esteja impregnado de conceitos do próprio Lacan, em sua interpretação podem ser usadas idéias de outro pensador de formação freudiana, Norman O. Brown, o autor de Life Against Death, que fala, nessa obra, da "linguagem adâmica", primordial, anterior à Queda, quando as coisas correspondiam a seus nomes e o ser humano estava integrado ao mundo, no mítico Paraíso Perdido. O "idioma perdido" que Betty procura é essa linguagem adâmica - tanto assim que o final da análise corresponde ao movimento de saída do labirinto de signos, à substituição do Logos por Eros, ao início da busca do "corpo para o gozo do meu sexo, o gozo sem interdição, o sexo sem saciedade e as palavras todas para das vergonhas tirar o véu..." (4). No entanto, arrancado o véu da linguagem, por trás dele surgem outros tantos véus, equivalentes às etapas da investigação literária de Betty Milan, onde cada obra é sempre um gesto de ruptura e provocação, na busca do sentido dos símbolos e da realidade por eles mediada".
"Aqui aparece a grande importância
da linguagem humana que, ao nomear
as coisas, adquire um significado
altamente elevado. O nome “é a essência
mais íntima da própria linguagem”.

"(...) A expressão daquilo
que é mais espiritual torna-se possível
na linguagem do nome, chegando
assim ao conceito de revelação. A
linguagem da matéria é menos completa
que a linguagem do nome. Esta
última é puramente espiritual e por
isto é tão importante. O potencial
messiânico de revelação e redenção
está contido na linguagem do nome
e, por isto, ela é tão importante para
Benjamim.
(...)
Benjamin evoca aqui
uma linguagem original, que chama
de adâmica, onde ao nomear já se
apresentava imediatamente a verdade.
A perda desta linguagem está
ligada a queda do paraíso. Depois do
pecado original, o homem se viu em

uma Babel de línguas, sendo tarefa
da filosofia agora, traduzir na língua
do homem moderno aquela verdade
perdida da língua adâmica. Se a linguagem
pudesse recuperar sua dimensão
expressiva, retornaríamos ao
paraíso. Mas isto não é possível,
nossa linguagem desgastada se
permite apenas uma “frágil força
messiânica”.14 Entretanto, esta frágil
força messiânica conserva uma centelha,
uma dimensão, ainda que sutil,
daquele caráter expressivo original, e
nisto reside a importância da linguagem,
que ainda é capaz de apresentar
a idéia. Tentar rememorar a expressividade
da linguagem adâmica
significa aproximar a filosofia da
questão do ser. Na linguagem adâmica
o nome não se diferencia do ser.
Trata-se de encontrar na linguagem
cotidiana a dimensão adâmica que
ainda persiste e assim, apresentar o
ser. Se o nome é o modo pelo qual
se apresentam as idéias, a linguagem
do texto filosófico pode apresentar a
verdade. A linguagem que não mais
convence com argumentos excessivos
que detém o conhecimento certo,
mas a linguagem que experimenta
formas alegóricas de apresentar a
verdade em imagens, imagens literárias
que apresentem melhor do que
qualquer argumentação a idéia que
se esconde naqueles nomes. O caráter
imagético da idéia aparece no
nome. O ser da idéia aparece no
nome. A verdade se diferencia do
conhecimento também pois pode
sempre ser renomeada".
"Começaremos, portanto, com a criação do mundo e com Deus seu Criador, pois o primeiro fato que deves entender é este: a renovação da Criação foi levada a efeito pelo mesmo Verbo que a criou em seu início".
no princípio era o Verbo
e o verbo era Deus(Jo, 1-10).
simbolismo do Graal

Nenhum comentário: