sábado, 26 de maio de 2007

Tour BH sábado 26 de maio de 2007

Praça na Cidade Jardim: a qualquer momento uma nave extraterrestre vai baixar lá
a qualquer minuto essa árvore vai começar a andar, falar, rebolar, sentar, tomar chazinho, cruzar as pernas em cima dessa mureta, depois vai ali pro parquinho balangar, e brincar de túnel do tempo ....! Parece uma daquelas árvores animadas do País das Maravilhas, boazinhas, cantantes e dançantes, que fazem caretas as vezes pra assustar, e tem um narigão enorme!.



É curioso como de uma praça a outra, percebemos os comportamentos diferentes dos homens presentes. Aqui em Lourdes os porcos não estavam sós. Tinham convidados a toa, vendo o tempo passar, mas que não estavam ali pra relaxar. Como se fosse só um pit stop pra uma nova jornada de vida longe do quase abandono da praça. A gente via isso pelas roupas que estavam vestindo, não exatamente de lazer. Calças e blusas do dia-a-dia. Sentados nos banquinhos, à sombra, tinha um rapaz e um homem de bobeira lá, e depois veio aparecendo mais gente conhecida deles: uma mulher e uma criança. Parecia um grupo de familiares de alguma periferia das redondezas de passagem por lá. Mas, não foram a passeio. Todos ali , no sábado à tarde, parecem familiares, gente simples, ou o taxista do quarteirão fazendo hora por ali. Entediados, com o cotovelo no joelho e o punho no queixo. Um outro solitário, a esmo, vivia no tempo perdido. Um tomador de conta de carro veio em minha direção bradando pra que eu tirasse uma foto dele. Apareceram dois jovens pra tomar água na "bica". Um estrategema de fonte que soa como centro simbólico. E os pombos vieram, atraídos pela luz do flash ...
tem ali um santuário ... o círculo cósmico onde as pedras fazem seu ritual ... e ele não está no centro da praça. Está numa das extremidades. Queria saber se tem alguma ligação com o sol. Porque é a parte fatalmente mais iluminada da praça, e exposta. A sensação que eu tenho é que vai passar um vendaval ali, a qualquer momento, e levar, num redemoinho, aquelas pedras num túnel do tempo. Pedras de sol. A temperatura é volúvel. Se faz sol demais se incandecem, se venta muito, refrescam, se o orvalho forma uma bruma invisível que as congela, criam um fina camada de flocos de gelo, como um sorvete suprême. São volúveis às intempéries, às inclinações das luzes das estações. Estão captando as cores da atmosfera, são maçicas e captam e emanam as vibrações, como um comando-de-bordo. Os veios desenham canteiros, os bancos fazendo as vezes de veios ladeiam um tronco entrelaçado, vivo, como bordado e tapeçaria. O mosaico da banqueta-mureta. As gangorras-martelo. Praça reciclável. Pedra, metal, madeira, cimento, vegetação árbórea e rasteira, diques, canais, corredeiras, anfiteatro para as rodas de skate. A praça é pequena, e a acompanham leves desníveis no plano de inclinação. Quando chove a água que era invisível faz a festa. E os porcos matam a sede, as braças de canteiros se irrigam, as corredeiras se transformam em cachoeiras, as folhas viram barcos, os pombos se banham. A praça tem movimento de cobra, rasteja, abre veios e flancos; tem obra de engenharia em miniatura: um imaginário rio que corre serpenteando entre os canais que irrigam a paisagem contida do canteiro-jardim sem flor. E tem até um vau, que faz as vezes de uma ponte, por onde sonhamos percorrer um leito de rio. Pra mim são aquedutos em miniatura. Tem também o túnel-minhoca, com seus anéis pluridimensionais. Aonde entramos na barriga da baleia, e lá nos perdemos, na escuridão, esperando que os porcos nos ressuscitem.
A praça dos porcos

Agora falando sério. Nunca li nada sobre o projeto dessa praça, mas fiquei curiosa.

ali perto um pouquinho de topiaria domando a natureza em meio a alguns jardins nobres da Cidade Jardim. E por falar em topiaria, é só eu baixar na Praça Raul Soares pra dar uma olhada no excessivo controle da natureza! Passei por lá de busu, e tá tudo muito bem pentiadinho em bolotas redondas verdinhas, regularmente espaçadas ao longo do círculo-marco-zero da cidade.
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Tem uma outra praça também de porcos. É a mini-praça da Prudente Morais, com pérgola, parece, de amianto. Os porquinhos estão ali. Notei quando fui fazer caminhada. Achei uma graça!

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