sexta-feira, 11 de maio de 2007

ESSE PAPA É UM ESPETÁCULO, HEIN!

Suas palavras ...:
um milênio de vida, não de morte. Contra o aborto e a eutanásia. Contra o materialismo. Contra a violência em relação ao Estado e à sociedade. A favor dos jovens HETEROSSEXUAIS "responsáveis" (entenda-se: jovens que desejem se casar, e não tenham relações sexuais fora do casamento, e que não usem camisinha). A favor do AMOR, pra mim o mais importante de tudo. O problema é que amor é confundido com tanta bosta! Cada item desse dá pano pra manga pra ser operacionalizado nesse mundo de hoje!

O lema para os dez próximos anos a irradiar do Brasil para o resto do mundo: ouvir primeiro, pra depois ser missionário. Como os discípulos se puseram aos pés de Jesus para ouvir e só depois seguirem para a missão. A mensagem é voltar aos valores tradicionais de família e matrimônio. A Igreja Católica tem metade de seu rebanho mundial aqui na América Latina. O Brasil será um holofote para a divulgação da fé pelo resto do mundo.
Nada foi dito diretamente contra o uso da camisinha; mas, se ela não foi explicitamente liberada pelo Papa, fica implícito que o uso dela continua sendo um tabu, e portanto contra os preceitos da Igreja!
Esse Papa simpático, sorridente, amável, meigo, que escuta é realmente um FENÔMENO. Mais de 48 mil jovens no Pacaembu, e mais de um milhão e duzentos mil fiéis assistindo à missa histórica de canonização do Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, no Campo de Marte! ...
Será que a voz do PAPA é tão potente assim pra mudar a vida das pessoas nos dias de hoje? Ouvi um acadêmico, estudioso das religiões, da USP, dizer que não. Que os preceitos do Papa têm seus limites na vida prática das pessoas hoje, as quais têm que lidar com transformações próprias da sociedade contemporânea. A fala desse acadêmico me deu a impressão de que a figura do Papa não passaria então de um espetáculo festivo momentâneo, congregando os vários países da América Latina, e outros católicos de outros continentes, numa grande vitrine de festa em nome de ideais moralizantes, alguns retrógrados. E que as mensagens mais democráticas e benfazejas para a humanidade surtiriam pouco efeito no mundo "real". Bom, acho que o Papa tem ainda uma força simbólica muito grande - a maior figura de autoridade no mundo - pra que o que saia da boca dele não tenha importância magnânima na vida das pessoas. Vejo sua PALAVRA ainda como um rojão que repercute significativamente no pensamento e no comportamento dos seres humanos, tanto que às vezes ele prefere o SILÊNCIO. É só ver como sua posição resoluta frente a certos pontos de sua ortodoxia atrasam questões de identidade cruciais, que poderiam estar muito mais avançadas hoje na sociedade e que ficam à deriva, sem contar com uma 'ajudinha' dele, como é o caso da tolerância às minorias sexuais; e, além disso, questões de saúde pública, como o controle da natalidade.
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Parece que dessa vinda do Papa vai ficar acertada de vez a separação entre a Igreja e o Estado. Um freio definitivo para que certos setores da Igreja Católica não interfiram nos assuntos laicos da nação, que não páram pro tempo como o Vaticano.
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Qual a importância de um santo brasileiro? A meu ver é uma quebra na espinha dorsal da tradição ortodoxa de canonização de santos. É o reconhecimento da religiosidade popular com sua crença em milagres não "autorizados" pela Igreja, e um reflexo da inserção do Brasil no cenário político mundial. Como se diz por aí "demorô". Agora, pra mim, pessoalmente, não faz a menor diferença. Eu não acredito em santos! (F.)

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